segunda-feira, 25 de junho de 2007

BEIJA FLOR DESPETALADO ( VII )



Ao se despetalar o beija-flor
voraz verborragia
nada esconde tua sanha
tu não beijas, saqueia

Mas qual beijo a flor prefere
o de sempre ou o de saque?
se o presente tão comum
torna-se areia com a idade
e o de saque tão moleque
roda a vida sem piedade
e dá passado e presente
e um futuro de saudade

A que nasce uma flor de ouro?
senão para ser saqueada
é capricho da natureza
ter prazer na armadilha
ou na cilada

o beija-flor goza da vida
bebe do divino amor romântico
mas voas sobre amor mais feliz
mais terreno, mais humano

cada coisa tem seu lugar
o pássaro a flor o campo
as pedras os vermezinhos
a felicidade e o engano

as flores cabe balançar no vento
pra cá e pra lá
e aos beija-flores por perto?
pobre de nós...
nos deixar hipnotizar

A flores e o beija-flores
interdependentes ao infinito
amando-se com prazer
ternura ou com martírio


Edson Neves