sexta-feira, 21 de outubro de 2016

O Canto

Ouça a canção...

Não aquela que pelos ouvidos lhe chega
mas a que vem de dentro, a que brota de ti
aquela que brota da alma, que não tens
aquela que emana tu aos teus

Hoje proletário, antes escravo, plebeu
sentes querido, sentes querida
sinta a canção, deixe seus pés sentirem
até que eles saiam do chão

Baile tua dança, deixe brotar por tua garganta
vazar por tua voz a tua, nossa, canção
sempre como se fora o último dia que tens
ame, odeie perdidamente, seja teu próprio Deus

Não se curve nunca, não cala-te jamais
saibas não ser escravo, patrão, nem capataz
não queiras vida-longa, que a morte tenha teu endereço
negar ao Deus patrão, a vida oprimida, ao silencio da servidão

Baila tua dança, pelas fábricas, becos e periferias
não te demores muito nas cátedras, há pouca melodia
onde sobra bajulação. Canta teus versos de protestos
para os mais fudidos, reconheça verdaeiramente os teus

A vida coerente tem um preço, e ele lhe será cobrado
o preço de tua rebelde canção. Mas ainda assim canta
canta e que chegue a hora de colar tua boca na massa
canta com sabedoria, canta teu canto com determinação

Por inimigo terás o patrão, os sacerdotes, a polícia
e ainda toda sorte de oportunistas, não tema os desafetos
siga teu caminho cante a tua nossa canção, escreva
os teus nossos versos, dance e cante com e para os teus

Cara proletária, caro camarada, canta tua canção
muitos nos antecederam, a nós tantos outros se seguirão
faz a vida valer a pena, canta tua canção de igualdade
exija da opressão a liberdade da fome a supressão

Se quiseres evitar os transtornos, ter vida de conforto
cante as canções do inimigo, com sorte e muito trabalho
terás pão e abrigo, mas lembre-se, saiba sempre lembrar
essa é a única dança que dançamos, dançarás para os teus?

Ou para teus inimigos?

Fábio Francisco

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

HDR

Por teu corpo
passeia a água
minha mente
transborda desejos
A água passeia
pelo curso predileto
de meus beijos

(Fábio Francisco)

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Partes

Para Bruna Telly

Minha preta beleza
fruto de minha preta cultura
de minha preta natureza
tudo isso são partes
componentes que expresso
em minha preta arte.

(Fábio Francisco)


Sobre esta fotografia

Para Vinício Ziani

A vida como uma dança

não que seja boa em sua plenitude
nem plena em suas possibilidades
Mas quando se sente a chuva 
tocar o corpo e o ar encher os pulmões 
dança-se ao som da vida e tudo faz-se belo 
até mesmo a apressada, ruidosa e cinza cidade

A dança em circulo

o bailarino no campo
enquadrado
dançava a luz do dia
enquanto a chuva regava
cuidadosamente os telhados 

Fábio Francisco


Raiz da arte

Eu e a natureza não nos apartamos
minhas raízes estão fundas na terra
meu tronco é de vida rebelde
minhas folhas são poesia
nos parques
telhados
e rachaduras do asfalto
Broto por toda parte
subvertendo a ordem
com a rebeldia
de minha arte
Broto
por
toda
parte

(Fábio Francisco)



Reflexivo

(Para Elson Santos)

Não é o peso do mundo
é minha própria carga
(socialmente conformada)
mas como singular
exemplar da espécie
com a humanidade me confundo

Fábio Francisco




domingo, 17 de julho de 2016

Beleza

A luz

suave
revelava
denunciava
o encanto
que sob a sombra
longe de nosso olhar
repousava livre
a beleza existe
não para mim
quando a percebo
ou para você
quando a vê
mas sim existe
apenas para ela
e por isso é bela

Fábio Francisco

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Ela

Que encerra as madrugadas,
que em todas as manhãs
se faz bela, ilumina os dias
dissipando inquietações

Ela faz arte, ela já há muito 
de mim faz parte. Não, em verdade
de seu mundo eu que faço parte
ela não faz, ela é arte

Habita minha vida, minha cama, 
minha alma e minha poesia 
comigo comparte a mesa, 
a cama, romances e canções

Se faz vida, se faz nua, se faz crua
Não, não é minha, se faz sua
por escolha de minha vida 
e minha alma faz parte

Diz que me ama com gestos, com beijos, 
olhares e mesmo (como se precisasse)
com palavras, se nunca o dissestes, 
silenciosamente seria minha amada

Tenho a impressão de que o sol nasce 
para ela, a natureza por ela se revela
quero um outro mundo, para que teu sorriso
seja por toda a parte merecido

Gosto me diz eu-te-amo, com
os olhos, a prova de que as palavras 
podem ser por nós dispensadas
assim quietos como almas enamoradas

Fábio Francisco

A fresta


Através 
daquele vão
passava a luz
que iluminava 
a paixão


Massari

Olhar do tempo

Hoje vi no espelho meu rosto
e lá localizei um velho olhar,
de quando erá muito jovem.
Me remeteu a uma saudosa fotografia
de meu sétimo ano de vida
Lá reside um olhar
suave, doce, alegre,
tímido e curioso
que minha mãe carinhosamente chamava
“Olhar de peixe morto”
Os pelos, as olheiras, as rugas,
é como ver o mesmo
olhar em outro rosto,
incrível como, 32 anos depois,
ainda se guarda traços de quando garoto
Visitou-me após todos estes anos
ou sempre esteve lá?

Fábio Francisco

Ela

Que encerra as madrugadas,
que em todas as manhãs
se faz bela, ilumina os dias
dissipando as inquietações
Ela faz arte, ela já há muito
de mim faz parte. Não, em verdade
de seu mundo eu que faço parte
ela não faz, ela é arte
Habita minha vida, minha cama,
minha alma e minha poesia
comigo comparte a mesa,
a cama, romances e canções
Se faz vida, se faz nua, se faz crua
Não, não é minha, se faz sua
por escolha de minha vida
e minha alma faz parte
Diz que me ama com gestos, com beijos,
olhares e mesmo (como se precisasse)
com palavras, se nunca o dissestes,
silenciosamente seria minha amada
Tenho a impressão de que o sol nasce
para ela, a natureza por ela se revela
quero um outro mundo, para que teu sorriso
seja por toda a parte merecido
Gosto me diz eu-te-amo, com
os olhos, a prova de que as palavras
podem ser por nós dispensadas
assim quietos como almas enamoradas

Fábio Francisco

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Nosso canto

Ouça a canção...

Não aquela que pelos ouvidos lhe chega
mas a que vem de dentro, a que brota de ti
aquela que brota da alma, que não tens
aquela que emana tu aos teus

Hoje proletário, antes escravo, plebeu
sentes querido, sentes querida
sinta a canção, deixe seus pés sentirem
até que eles saiam do chão

Baile tua dança, deixe brotar por tua garganta
vazar por tua voz a tua, nossa, canção
sempre como se fora o último dia que tens
ame, odeie perdidamente, seja teu próprio Deus

Não se curve nunca, não cala-te jamais
saibas não ser escravo, patrão, nem capataz
não queiras vida-longa, que a morte tenha teu endereço
negar ao Deus patrão, a vida oprimida, ao silencio da servidão

Baila tua dança, pelas fábricas, becos e periferias
não te demores muito nas cátedras, há pouca melodia
onde sobra bajulação, canta teus versos de protestos
para os mais fudidos, reconheça verdadeiros amigos teus

A vida coerente tem um preço, e ele lhe será cobrado
o preço de tua rebelde canção, pois ainda assim canta
canta e que chegue a hora de colar tua boca na massa
canta com sabedoria, canta teu canto com determinação

Por inimigo terás o patrão, os sacerdotes, a polícia
e ainda toda sorte de oportunistas, não tema os desafetos
siga teu caminho cante a tua nossa canção, escreva
os teus nossos versos, dance e cante com e para os teus

Cara proletária, caro camarada canta tua canção
muitos nos antecederam,  a nós tantos outros se seguirão
faz a vida valer a pena, canta tua canção de igualdade
exija da opressão a liberdade da fome a supressão

Se quiseres evitar os transtornos, ter vida de conforto
cante as canções do inimigo, com sorte e muito trabalho
terás pão e abrigo, mas lembre saiba sempre lembrar
essa é a única dança que dançamos, dançarás com os teus?



Fábio Francisco

domingo, 27 de março de 2016

Trois










Somos inteiros
se a dois nos completamos
tres não está ligado a necessidade
tem mais a ver com arte
algo que faz-se por pura vontade
pelo culto ao prazer, ao Deus-Desejo
e sobretudo, pela lasciva reciprodade

Fábio Francisco

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Amor em foco

Focada
no canto
do quadro
na composição
ensolarada

no ponto
d`ouro
de meu
enquadramento
reside minha amada


Fábio Francisco
para minha fotógrafa preferida Jéssica Sant Ana

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Feitiço
da
dança

As vezes lembro
quando criança
a trapesista
de circo
roubava o coração
de todos os meninos
com seus movimentos

Hoje sei
que ela aprendeu
com a bailarina

esta que
em cada movimento
congela o tempo

mo-vi-men-to

suave e lento

nos cativa porque
dança inteira
dança por fora
dança por dentro


Fabio Francisco


sábado, 23 de janeiro de 2016



Musica

Meu maestro
faz de mim
teu instrumento

toca-me firme
toca-me sedento

manuseia-me
o corpo
com sentimento

toca-me forte
por fora
e por dento

toca-me
que a ti me dou
de todas as formas
sem sofrimento

toca-me inteira
que o desejo
é meu único lamento

faz de mim
uma canção
um soneto
uma ode

me pega firme
me tira som
me fode
realiza teu intento

me toca
em todos os acordes

pois hoje sou
de teu prazer
o instrumento


Yolanda Vasquez