E quando a flor beija o beija-flor?
Mal sabe o beija-flor que ao mergulhar na saliva da flor,
embebeda-se do seu pólem...
e tal como o vento, sendo ele brisa, ventania ou vendaval,
ao provar-se em outra flor,
leva consigo parte da que ficou...
Outras flores nascem...
Misturando-se ao cheiro do vento...
E com a destreza de suas cores diversas,
fortes e rubras...
encanta as asas que se fazem beija-flor... Gérberas,
açucenas,
e acácias.
Magnólias, lírios,
rosas, e jasmim...
Orquídeas, bromélias e margaridas...
com diferentes formas de beijar...
com diferentes formas de amar...
Dálias,
begônias,
e damas da noite...
que ao seu momento mais envolvente,
não tem a presença das asas (que deitadas na escuridão descansam)
para compartilhar seu gosto, seu aroma...
Colibri, que desafia os ares,
e a lei da gravidade...!!!
Mal sabe que o amor livre
não se equivale somente ao ato de voar...
e que ter raízes não se equivale a amor aprisionado...
Assim como há raízes aéreas...
Há também vôos sem a altura da vida intensamente vivida...
Livres amores são permeados de vôo e de raiz...
De ir e vir...
De exílios, queimadas, e poemas outros.
De balanços, de olhares e de beijos...
de ser beija-flor beijando flor,
e de ser flor beijando beija-flor
Flor de cactos:
Flor que beija-flor não beija...,
mas que toca o vento, sem ferir ou arrepiar...
E, no envolvente calor do beijar,
do amar - seja livre, ou seja aéreo...
nem beija-flor
nem flor
são os mesmos ao
se distanciarem...
beijos de rubra flor...
Andrea