Leve feito pluma
avizinhava-se
o pássaro de aço
pouco a pouco
gota a gota
despejava
sentimentos,
movimentos,
olhares e beijos,
quando dei por mim
o pote de minha razão
transbordava desejo
(Massari)
quarta-feira, 20 de dezembro de 2017
terça-feira, 28 de novembro de 2017
Totalidade
O amor não é terreno para agrimensuras
O amor não se fragmenta, é totalidade
Não se divide em campos, departamentos,
Não se divide em territórios, áreas e cidades
Por isso, amo-a quando dorme
Amo-a quando acordada
Amo-a quando ri, amo-a quando chora
Amo-a em sua chegada, e quando vai embora
Amo-a quando romântica
Amo-a quando materialista
Amo-a quando faz longos planos
Amo-a quando destrói expectativas
Amo-a em seu ateísmo,
...E em, sua descrença metafísica
Amo-a quando pragueja contra o mundo,
desesperançosa rende-se e chora, refazendo-se,
na madrugada, para retomar a força na próxima aurora
Amo-a quando cansada, tranca-nos em casa,
deixando todos os problemas do lado de fora,
e intensa e cuidadosamente me namora
Amo-a quando faz falta,
Porque amo sua presença
Aprendi a amar a saudade,
Causada por sua ausência
Amo-a quando me busca, amo-a quando me nega
Amo-a quando foge, amo-a quando se entrega
Amo-a em mau humor, amo-a em carícias
Nossas dores, são o avesso de nossas delícias
Amo seus sonhos e no avesso seus pesadelos
Amo-a na dialética da razão, amo-a por inteiro
Amo-a em sua modéstia, amo-a em sua vaidade
Amo-a em sua magnitude, e em sua simplicidade
Pois amar é matéria inteira, amar é totalidade
(Fábio Francisco)
O amor não é terreno para agrimensuras
O amor não se fragmenta, é totalidade
Não se divide em campos, departamentos,
Não se divide em territórios, áreas e cidades
Por isso, amo-a quando dorme
Amo-a quando acordada
Amo-a quando ri, amo-a quando chora
Amo-a em sua chegada, e quando vai embora
Amo-a quando romântica
Amo-a quando materialista
Amo-a quando faz longos planos
Amo-a quando destrói expectativas
Amo-a em seu ateísmo,
...E em, sua descrença metafísica
Amo-a quando pragueja contra o mundo,
desesperançosa rende-se e chora, refazendo-se,
na madrugada, para retomar a força na próxima aurora
Amo-a quando cansada, tranca-nos em casa,
deixando todos os problemas do lado de fora,
e intensa e cuidadosamente me namora
Amo-a quando faz falta,
Porque amo sua presença
Aprendi a amar a saudade,
Causada por sua ausência
Amo-a quando me busca, amo-a quando me nega
Amo-a quando foge, amo-a quando se entrega
Amo-a em mau humor, amo-a em carícias
Nossas dores, são o avesso de nossas delícias
Amo seus sonhos e no avesso seus pesadelos
Amo-a na dialética da razão, amo-a por inteiro
Amo-a em sua modéstia, amo-a em sua vaidade
Amo-a em sua magnitude, e em sua simplicidade
Pois amar é matéria inteira, amar é totalidade
(Fábio Francisco)
segunda-feira, 13 de novembro de 2017
Por fim:
O fim é apenas
um momento
do movimento
É a fruta que de tão madura ultrapassou o ponto, e hoje jaz caída, quando o solo a envolver, converter-se-á em nova vida
Pra sermos pertinentes conspiradores e resitentes é preciso saber ser germe, fruta e semente
(Massari)
É a fruta que de tão madura ultrapassou o ponto, e hoje jaz caída, quando o solo a envolver, converter-se-á em nova vida
Pra sermos pertinentes conspiradores e resitentes é preciso saber ser germe, fruta e semente
(Massari)
O fim
Temido por todos
terror dos amantes
terror dos ditadores
terror dos religiosos
e mesmo dos militantes
Ele chega
ele é cabal
ele é síntese
expressão de bem e mal
De nada adiantam
vossas preces
torcidas e orações
ele é fatal
Ele é o avesso da vida
ele chega para todos
portadores de azar e sorte
é o anuncio do novo
e o arauto da morte
é o marco,
a cisão,
o corte
(Massari)
terror dos amantes
terror dos ditadores
terror dos religiosos
e mesmo dos militantes
Ele chega
ele é cabal
ele é síntese
expressão de bem e mal
De nada adiantam
vossas preces
torcidas e orações
ele é fatal
Ele é o avesso da vida
ele chega para todos
portadores de azar e sorte
é o anuncio do novo
e o arauto da morte
é o marco,
a cisão,
o corte
(Massari)
quarta-feira, 1 de novembro de 2017
terça-feira, 24 de outubro de 2017
Sobre o amor e propriedade
Tenho-te a meu lado
por não te ter,
comigo ombro a ombro
caminhas, apenas
por não ser minha
entrega-me teu amor
tu me tens a teu lado
por não ser teu
por isso caminhamos
par e passo, lado á lado
apenas por não ser teu
entrego-te o amor que tenho eu
fossemos um do outro
nem tu me amavas
nem eu te amaria
seriamos propriedade um do outro
o amor virava posse
o sexo burocracia
como cães amando aos donos
em sua perpetua prisão
encoleirado e adestrado o amor morria
a ilusão de segurança, o medo da perda
da propriedade, mata (com o tempo)
os melhores sentimentos, que ironia
da humana animalidade resta a sexualidade livre e vadia
em vão tenta o liberal domestica-nos os sentimentos
a tudo põe preço, posse, propriedade... burocracia
amo-te por não ser teu
ama-me por não ser minha
emanados enfrentamos
a burguesa monogamia
(Massari)
(Para Jazz, a mulher que amo, a quem por não pertencer, nutro tamanho sentimento, que fossemos posse não poderia)
terça-feira, 10 de outubro de 2017
Ciclos
Quarenta e um ciclos de rotação
da terra em torno do sol
Assisti quarenta e um meninos
brincando no quintal do tempo
Um por vez, mas são um todo
e o todo é sempre maior que suas partes
Meninos barulhentos, baderneiros, cada
um ao seu modo e tempo, fizeram arte
Uma vez por ano reúnem-se para receber
um novo membro, tomar uma cachaça,
refazer (e desfazer) planos e iniciar uma nova rodada.
Fábio Francisco
quinta-feira, 10 de agosto de 2017
Solidão
Não aquela de abandono
mas de isolamento
aquela de ficar só
sem lamentos
de contemplar o mar
refletir o tempo
sentir-se envolvida
pelo ar
saborear
os gostosos
afagos do vento
aquela de ficar só
sem lamentos
de contemplar o mar
refletir o tempo
sentir-se envolvida
pelo ar
saborear
os gostosos
afagos do vento
O Universo não é uma ideia minha.
O Universo não é uma ideia minha.
A minha ideia do Universo é que é uma ideia minha.
A noite não anoitece por meus olhos,
Através de meus olhos a minha ideia de noite é que anoitece
Fora de eu existir, pensar e de existir qualquer pensamento
A noite anoitece concretamente
E o fulgor das estrelas existe como se tivesse peso
(Alberto Caeiro, homônimo de Fernando Pessoa)
A minha ideia do Universo é que é uma ideia minha.
A noite não anoitece por meus olhos,
Através de meus olhos a minha ideia de noite é que anoitece
Fora de eu existir, pensar e de existir qualquer pensamento
A noite anoitece concretamente
E o fulgor das estrelas existe como se tivesse peso
(Alberto Caeiro, homônimo de Fernando Pessoa)
Tuas curvas
A cada curva
de teu corpo
um versouma nova canção
a cada dia
adoro ler
em tuas linhas
nelas residem
a mais bela
e intensa poesia
(Fábio Francisco)
de teu corpo
um versouma nova canção
a cada dia
adoro ler
em tuas linhas
nelas residem
a mais bela
e intensa poesia
(Fábio Francisco)
PB
A vida estava
em preto e branco
me chega ela
ousada, trazia
todas as cores
da paixão
em sua quente
aquarela
(Massari)
em preto e branco
me chega ela
ousada, trazia
todas as cores
da paixão
em sua quente
aquarela
(Massari)
terça-feira, 20 de junho de 2017
Desejo
O desejo febril, que ali em chamas se via
aquela noite um torpor a consumia
mas era diferente, permeado de calmaria
não era como aqueles costumeiros, de cada dia
ansiava por realizar algo novo, que já conhecia
que embora impossível agora, fatalmente se realizaria
um encanto secreto, uma identidade lasciva
o intenso sentimento a lembrava que ainda vivia
era consumida, pela doce angustia da expectativa
(F. Massari)
aquela noite um torpor a consumia
mas era diferente, permeado de calmaria
não era como aqueles costumeiros, de cada dia
ansiava por realizar algo novo, que já conhecia
que embora impossível agora, fatalmente se realizaria
um encanto secreto, uma identidade lasciva
o intenso sentimento a lembrava que ainda vivia
era consumida, pela doce angustia da expectativa
(F. Massari)
segunda-feira, 12 de junho de 2017
Ingredientes e temperos da vida
Na base evite massa
em seu lugar
coloque classe
coloque classe
Duas xícaras
de
sabedoria
de
sabedoria
Um punhado
da mais ácida
ousadia
da mais ácida
ousadia
Meia garrafa
(da mais barata)
alegria
(da mais barata)
alegria
Dispense
realçar sabor com
qualquer pitada de ilusão
realçar sabor com
qualquer pitada de ilusão
Derrame um pote
inteiro
de paixão
inteiro
de paixão
Consuma quente
sem receios
ou moderação
sem receios
ou moderação
Ideal para degustar em bando
com uma taça de vinho
e um pouco de pão
com uma taça de vinho
e um pouco de pão
(F. Massari)
Verso de amor secreto
Uma pessoa enamorada,
alguém que amamos
e não podemos citar
e não podemos citar
Porque o mundo acharia
estranho (estranho mundo)
e ela teria muito o que explicar
estranho (estranho mundo)
e ela teria muito o que explicar
Juntos destruiremos esse mundo
em seu lugar faremos um outro
onde livremente (sem preconceitos e retalhações)
se possa finalmente, e de todas as formas, AMAR
em seu lugar faremos um outro
onde livremente (sem preconceitos e retalhações)
se possa finalmente, e de todas as formas, AMAR
ps: Ai, o verso será acompanhado de uma foto,
de pessoas que se amão, neste dia
Não vai importar a quantidade, nem o sexo,
das pessoas contidas no amor e na fotografia
de pessoas que se amão, neste dia
Não vai importar a quantidade, nem o sexo,
das pessoas contidas no amor e na fotografia
A palavra-MOR
Sentimentos
brotam
do concreto
Compartir
a vida
Compartir
O pão
Compartir
o trabalho
Compartir
a luta
Compartir vida
prazer e labuta
Compartir
o pão e nossas companhias
nos faz companheiros
Compartimos a nossa
e outras paixões
Para amar, não carece
ser solteiros
Nos relacionamentos
costumamos ser metade
Assim, sem propriedade
com você sou inteiro
Não sois minha
não sou teu, verdade
Exatamente por isso
a ti me dou por inteiro
Não somos a cara metade
mas a soma de dois inteiros
me encontro em tuas curvas
reconheço-me em tua voz
Assim não posso amar “você”
pois precisaria encontrar o “eu”
Confundimos nossos corpos
e ideias, Não há mais eu, nem você
mas uma coisa intensa chamada nós
(Para minha amada Jéssica Sant Ana)
Meus agradecimentos a camaradas, amig@s, e amantes, que (compartilharam) compartilham e contribuem (contribuíram) de alguma maneira a nossa paixão, nosso amor e nossa intensa, pouco convencional e gostosa relação, não vou citar ninguém para evitar constrangimentos (rsrsrs), poderia dizer que I, L, M, V, I, N, J, F, R, C, D, B... são por nós criaturinhas amadas e enamoradas... Mas vocês sabem que nosso amor transborda nossa relação e é muito para dois, assim se espalha sobre vocês!!!
brotam
do concreto
Compartir
a vida
Compartir
O pão
Compartir
o trabalho
Compartir
a luta
Compartir vida
prazer e labuta
Compartir
o pão e nossas companhias
nos faz companheiros
Compartimos a nossa
e outras paixões
Para amar, não carece
ser solteiros
Nos relacionamentos
costumamos ser metade
Assim, sem propriedade
com você sou inteiro
Não sois minha
não sou teu, verdade
Exatamente por isso
a ti me dou por inteiro
Não somos a cara metade
mas a soma de dois inteiros
me encontro em tuas curvas
reconheço-me em tua voz
Assim não posso amar “você”
pois precisaria encontrar o “eu”
Confundimos nossos corpos
e ideias, Não há mais eu, nem você
mas uma coisa intensa chamada nós
(Para minha amada Jéssica Sant Ana)
Meus agradecimentos a camaradas, amig@s, e amantes, que (compartilharam) compartilham e contribuem (contribuíram) de alguma maneira a nossa paixão, nosso amor e nossa intensa, pouco convencional e gostosa relação, não vou citar ninguém para evitar constrangimentos (rsrsrs), poderia dizer que I, L, M, V, I, N, J, F, R, C, D, B... são por nós criaturinhas amadas e enamoradas... Mas vocês sabem que nosso amor transborda nossa relação e é muito para dois, assim se espalha sobre vocês!!!
segunda-feira, 5 de junho de 2017
Senha secreta
Eu pensando como seria
se um dia
eu te deixasse
se eu enfim te largasse
e desatasse aquilo que chamam de matrimonial enlace,
laço que se rompe com profunda dor
não mais usaria
o seu nome
em senhas secretas
mensagens discretas
que eu tive de inventar
para acessar
um simples programa de computador
Henrique,
mais o mês do ano.
qual seria a senha
do próximo mês?
Fernando junho, talvez?
(Éter)
se um dia
eu te deixasse
se eu enfim te largasse
e desatasse aquilo que chamam de matrimonial enlace,
laço que se rompe com profunda dor
não mais usaria
o seu nome
em senhas secretas
mensagens discretas
que eu tive de inventar
para acessar
um simples programa de computador
Henrique,
mais o mês do ano.
qual seria a senha
do próximo mês?
Fernando junho, talvez?
(Éter)
O que brota
Brota em mim
de mim
brota de nós
em mim e em nós
brota neste momento
Agora somos nós
não á mais você
Não á mais eu
brota no tempo
Brota e sai pelos poros
brota e sinto em teus cabelos
o que brota vem de longe
brota e sinto no vento
Aquilo que brota
não respeita
convenções
nem as leis
nem o tempo
nem a Deus
O que brota
é rebelde
subversivo
profano e ateu
O que brota
e se alastra pelo vento
o que brota, é o humano
emanando o mundo você e eu
(Fábio f. Massari)
sexta-feira, 26 de maio de 2017
SEGURANÇA NACIONAL
Tento levantar a tampa,
é lógico: a tampa
que fecha a minha caixa.
Não é um caixão, isso não,
é um pacote, uma cabina,
numa palavra: uma caixa.
que fecha a minha caixa.
Não é um caixão, isso não,
é um pacote, uma cabina,
numa palavra: uma caixa.
Vocês sabem exatamente o que quero dizer
dizendo caixa,
não banquem os bobos,
apenas falo em
uma caixa normal e corrente,
também não mais escura que a sua.
dizendo caixa,
não banquem os bobos,
apenas falo em
uma caixa normal e corrente,
também não mais escura que a sua.
Portanto, quero sair, bato,
martelo contra a tampa
suspiro: Mais luz, respiro
com dificuldade, é lógico,
golpeio com força contra a fresta. Está bem.
martelo contra a tampa
suspiro: Mais luz, respiro
com dificuldade, é lógico,
golpeio com força contra a fresta. Está bem.
Mas por motivos de segurança está fechada,
a minha caixa, ela não se abre,
a minha caixa de sapato tem uma tampa,
mas é bastante pesada essa tampa,
por motivos de segurança,
porque se trata aqui
de um recipiente, de uma arca de aliança,
de um cofre. Não consigo.
a minha caixa, ela não se abre,
a minha caixa de sapato tem uma tampa,
mas é bastante pesada essa tampa,
por motivos de segurança,
porque se trata aqui
de um recipiente, de uma arca de aliança,
de um cofre. Não consigo.
A libertação se consegue, é lógico,
apenas com forças unidas.
Mas por motivos de segurança
estou sozinho comigo na minha caixa,
na minha própria caixa.
apenas com forças unidas.
Mas por motivos de segurança
estou sozinho comigo na minha caixa,
na minha própria caixa.
A cada um o seu! Para escapar,
com as forças unidas, da própria caixa,
eu já deveria, é lógico,
haver escapado da própria caixa
e isso vale, é lógico,
para todos.
com as forças unidas, da própria caixa,
eu já deveria, é lógico,
haver escapado da própria caixa
e isso vale, é lógico,
para todos.
Portanto pressiono a tampa
com minha própria nuca. Agora!
O espaço de uma fresta! Ah! Ali fora,
grandiosa, a ampla paisagem
coberta de latas, galões,
enfim, de caixas, e atrás delas
as ondas verdes que se balançam afoitas,
lacradas por malas à prova de mar,
as nuvens numa altura inaudita
acima, e por toda parte, toda, o ar!
com minha própria nuca. Agora!
O espaço de uma fresta! Ah! Ali fora,
grandiosa, a ampla paisagem
coberta de latas, galões,
enfim, de caixas, e atrás delas
as ondas verdes que se balançam afoitas,
lacradas por malas à prova de mar,
as nuvens numa altura inaudita
acima, e por toda parte, toda, o ar!
Deixem-me sair, grito, portanto,
afrouxando, contra toda evidência,
a língua saburrosa, coberto de suor.
Fazer o sinal-da-cruz, nem pensar!
Acenar, não dá, as mãos não estão livres.
Cerrar o punho, impossível.
afrouxando, contra toda evidência,
a língua saburrosa, coberto de suor.
Fazer o sinal-da-cruz, nem pensar!
Acenar, não dá, as mãos não estão livres.
Cerrar o punho, impossível.
Portanto, me pesa, eu chamo,
expresso meu pesar, ai de mim!,
meu próprio pesar,
enquanto com um plup abafado
a tampa se fecha de novo,
por motivos de segurança,
sobre mim.
expresso meu pesar, ai de mim!,
meu próprio pesar,
enquanto com um plup abafado
a tampa se fecha de novo,
por motivos de segurança,
sobre mim.
(Hans Magnus Enzensberger, Alemanha, 1929)
(Tradução de Kurt Scharf; Armindo Trevisan)
Passado moderno
Antigamente era engraçado, vivíamos na modernidade, sabe?
O mundo era dividido em duas classes, a dos que detinham os meios necessários a produção da vida, e a dos que só possuíam força de trabalho, dai para sobreviver tínhamos de vende-la assalariadamente, para ficar vivo e eternamente fazer a mesma merda.
Dai era assim, os que tinham sorte, tinham emprego e viviam na maior pindaíba, pensando em viver melhor, enquanto, de fato, enriqueciam diariamente a outra classe com seu trabalho e sua miséria.
Já os que não tinham sorte, ficavam no percentual da humanidade que não conseguia comer, beber, morar e vestir, tipo os mais fudidos, sabe?
Nessa época distante, os que eram dominados, estavam tão sob controle que se dividiam em dois grupos, os que defendiam a ordem integralmente (direita), e os que defendiam-na parcialmente (esquerda).
Na modernidade, haviam classes sociais e todos viviam do trabalho, uns viviam do próprio trabalho e outros vivam do trabalho alheio.
E isso alienava e des-humanizava a humanidade.
E sofríamos toda sorte de segregações, opressões e preconceitos decorrentes da sociedade de classes.
E sofríamos toda sorte de segregações, opressões e preconceitos decorrentes da sociedade de classes.
Por sorte veio a pós modernidade, a sociedade da informação, o agir comunicativo, o fim das classes e da sociedade do trabalho e tudo mudou... Ahhhhhh Que lindo!!!
Como é bom olhar para trás e ver que tudo isso ficou no passado.
Viva o fim da modernidade... VIVA!!!
(Massari)
Falas do silêncio
(Sobre classes e comunicação)
Ele chegou calado,
Ele chegou calado,
suas mãos calejadas
disseram rudemente.
“Eu trabalho.”
Ela chegou e calada
com seu corpo suado
envolto em trapos.
Seu olhar cansado
disse:
“Eu, trabalho”.
Outro chegou
e com sua roupa elegante,
seu jeito culto.
seu agradável perfume,
vindo de muito distante
disse com sua face rosada
“Eu não.”
“Eu não.”
Não com os músculos,
porém, trabalho ainda mais,
penso, planejo
formulo, dirijo,
coordeno, organizo.
Disse em alto
e bom tom,
com sua fala mansa
e desenvolta:
“Eu falo”.
Calo,
por ter calos
falo pouco,
pois muito
trabalho.
Por não trabalhar,
fluentemente falo
ou ainda, bem falo
porque, por mim
outros tantos
muito trabalham.
Prestem sempre
muita atenção,
nas palavras do silêncio
que cercam sua vida
Mãos falam
cheiros e odores
falam, calos falam
os corpos falam
sobretudo lembre
muito falam as feridas
Fábio Francisco
terça-feira, 16 de maio de 2017
No meio do vendaval, você
Olho em torno,
Fatos a consumar
As contas,
com seus prazos
As tarefas,
em atraso
A teoria,
Por produzir
O trabalho,
por vender
A briga,
por comprar
O curso,
por realizar
O ensaio,
por fazer
As fotos,
Por editar
O mundo novo,
por construir
O flerte,
por realizar
Os amigos,
por rever
O poema,
Por finalizar
Os filhos,
por regar
O jantar,
por fazer
A música,
por ouvir
O tesão,
por aplacar
Todo nosso amor,
por viver
Em outra situação me desesperaria
Mas com você ao meu lado
Tudo segue leve
A tormenta vira calmaria
Afinal, é só a vida.
Tudo pode esperar
O ritmo manhoso
De nossa discreta
e preguiçosa alegria
(Massari)
segunda-feira, 15 de maio de 2017
Estações
Minhas folhas se foram no outono
Agora começa o inverno
E sei será demasiado fria
A minha existência
Nesta estação
Mas também sei
Que após o frio virá
A primavera
E vou me enfeitar
De vida
Radiante
Brotarão
Folhas
Novas
Assim sei que
Nada é em vão
Estarei plenamente refeita
Até o próximo verão
Yolanda Vasquez
Agora começa o inverno
E sei será demasiado fria
A minha existência
Nesta estação
Mas também sei
Que após o frio virá
A primavera
E vou me enfeitar
De vida
Radiante
Brotarão
Folhas
Novas
Assim sei que
Nada é em vão
Estarei plenamente refeita
Até o próximo verão
Yolanda Vasquez
domingo, 14 de maio de 2017
A moça
Com seus beijos
longos e suspirados
nada me cobra
busca apenas
por prazer
sem valor
sem troca
sua boca fala
o amor em
muitas línguas
passeia lenta
por meu corpo
que tudo cala
sutil me toca
intensamente
me provoca
longos e suspirados
nada me cobra
busca apenas
por prazer
sem valor
sem troca
sua boca fala
o amor em
muitas línguas
passeia lenta
por meu corpo
que tudo cala
sutil me toca
intensamente
me provoca
(Walter Sampaio)
sexta-feira, 12 de maio de 2017
Para minha amada
Poemas ardentes
na madrugada
suspiros na casa surda
gemidos na noite calada
gosto é de tocar-te o ventre
recitar-te ao ouvido
versos quentes
saboroso
como tua carne
entre meus dentes
(F. Massari)
na madrugada
suspiros na casa surda
gemidos na noite calada
gosto é de tocar-te o ventre
recitar-te ao ouvido
versos quentes
saboroso
como tua carne
entre meus dentes
(F. Massari)
Chamas...
Tu
me
chamas
E as chamas parecem já terem consumido tudo
o pouco que sobrou de nós sob efeito das chamas
do tempo, agora parecem escombros da fortaleza doutrora
Eu te chamo
Tu me chamas
Não percebendo que o tempo de nós dois já passou
chamuscado vejo as lágrimas caírem ao solo
em meio as cinzas do que fora nossa vida outrora
Chamas
Chamo
Chamas
Mas em meio aos escombros e cinzas, não
conseguimos mais nos ouvir, não há nada de errado
a vida apenas segue seu curso, como o vento
seu curso
Chamas
Chamo
Chamas
Tolice acreditar que algo pode resistir ao próprio
desenvolvimento ao fluir, a ação do tempo,
as transformações, a seu próprio movimento
Chamas
Chamo
Chamas
De tudo que tínhamos a dizer restou apenas silêncio
meus lábios surdos seguram, as palavras não ditas
na mente atordoada, levarei a saudosa lembrança
Chamas
Chamo
Chamas
De teu mais apaixonado beijo, hoje a solidão toma lugar a mesa
lembro de um tempo em que o mundo "não importava" éramos
tu e eu consumidos por outras chamas, desejos, beijos e esperanças...
Chamas
Chamo
Chamas
Talvez sigamos recordando e inutilmente chamando um ao outro
talvez o chamado não resista as primeiras esquinas,
sejamos ouvidos por outros aflitos, meninos, meninas
Chamas
Chamo
Chamas
em meio as ruidosas e imprecisas estradas, que nos reserva a vida
vejo todo o, agora passado se consumir en(em)quanto chamas
Chamas
Chamo
Chamas
(Walter Sampaio)
me
chamas
E as chamas parecem já terem consumido tudo
o pouco que sobrou de nós sob efeito das chamas
do tempo, agora parecem escombros da fortaleza doutrora
Eu te chamo
Tu me chamas
Não percebendo que o tempo de nós dois já passou
chamuscado vejo as lágrimas caírem ao solo
em meio as cinzas do que fora nossa vida outrora
Chamas
Chamo
Chamas
Mas em meio aos escombros e cinzas, não
conseguimos mais nos ouvir, não há nada de errado
a vida apenas segue seu curso, como o vento
seu curso
Chamas
Chamo
Chamas
Tolice acreditar que algo pode resistir ao próprio
desenvolvimento ao fluir, a ação do tempo,
as transformações, a seu próprio movimento
Chamas
Chamo
Chamas
De tudo que tínhamos a dizer restou apenas silêncio
meus lábios surdos seguram, as palavras não ditas
na mente atordoada, levarei a saudosa lembrança
Chamas
Chamo
Chamas
De teu mais apaixonado beijo, hoje a solidão toma lugar a mesa
lembro de um tempo em que o mundo "não importava" éramos
tu e eu consumidos por outras chamas, desejos, beijos e esperanças...
Chamas
Chamo
Chamas
Talvez sigamos recordando e inutilmente chamando um ao outro
talvez o chamado não resista as primeiras esquinas,
sejamos ouvidos por outros aflitos, meninos, meninas
Chamas
Chamo
Chamas
em meio as ruidosas e imprecisas estradas, que nos reserva a vida
vejo todo o, agora passado se consumir en(em)quanto chamas
Chamas
Chamo
Chamas
(Walter Sampaio)
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