sexta-feira, 12 de maio de 2017

Chamas...

Tu 
me 
chamas 
E as chamas parecem já terem consumido tudo
o pouco que sobrou de nós sob efeito das chamas 
do tempo, agora parecem escombros da fortaleza doutrora 
Eu te chamo
Tu me chamas 

Não percebendo que o tempo de nós dois já passou 
chamuscado vejo as lágrimas caírem ao solo 
em meio as cinzas do que fora nossa vida outrora
Chamas 

Chamo 
Chamas
Mas em meio aos escombros e cinzas, não 
conseguimos mais nos ouvir, não há nada de errado 
a vida apenas segue seu curso, como o vento 
seu curso 
Chamas 
Chamo 
Chamas 
Tolice acreditar que algo pode resistir ao próprio
desenvolvimento
  ao fluir, a ação do tempo, 
as transformações, a seu próprio movimento
Chamas 
Chamo 
Chamas 
De tudo que tínhamos a dizer restou apenas silêncio 
meus lábios surdos seguram, as palavras não ditas
na mente atordoada, levarei a saudosa lembrança

Chamas 
Chamo 
Chamas 
De teu mais apaixonado beijo, hoje a solidão toma lugar a mesa
lembro de um tempo em que o mundo "não importava" éramos 
tu e eu consumidos por outras chamas, desejos, beijos e esperanças...
Chamas 
Chamo 
Chamas
Talvez sigamos recordando e inutilmente chamando um ao outro
talvez o chamado não resista as primeiras esquinas,
sejamos ouvidos por outros aflitos, meninos, meninas
Chamas
Chamo

Chamas
em meio as ruidosas e imprecisas estradas, que nos reserva a vida 
vejo todo o, agora passado se consumir en(em)quanto chamas
Chamas
Chamo

Chamas

(Walter Sampaio)




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