quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Hotel Fratenité

Aquele que não tem com o que comprar uma ilha
aquele que espera a rainha de sabá na frente de um cinema
aquele que rasga de raiva e desespero sua última camisa
aquele que esconde um dobrão de ouro no sapato furado
aquele que olha nos olhos duros do chantagista
aquele que range os dentes nos carrocéisa
quele que derrama vinho rubro na cama sórdida
aquele que toca fogo em cartas e fotografias
aquele que vive sentado nas docas debaixo das gaivotas
aquele que alimenta os esquilos
aquele que não tem um centavoaquele que observa
aquele que dá socos na paredeaquele que grita
aquele que bebeaquele que não faz nada
meu inimigodebruçado sobre o balcão
na cama em cima do armário
no chão por toda parte
agachadoolhos fixos em mimmeu irmão


Hans Magnus Enzensberger

(tradução: Arnaldo Antunes)

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