segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Greve

Quero uma greve onde vamos todos.
Uma greve de braços, pernas e cabelos,
uma greve nacendo em cada corpo.

Quero uma greve
de operários, de pombas
de choferes, de flores
de téquinicos, de crianças
de mádicos, de mulheres.

Quero uma greve grande,
que até o amor alcance.
Uma greve onde tudo se detenha,
o relógio das fábricas
o seminário, os colégios
o ônibus, os hospitais
a estrada, os portos.
Uma greve de olhos, de mãose de beijo.
Uma greve onde respirar não seja permitido,
uma greveonde nasça o silêncio
para ouvir os passos do tirano quer se marcha.

Gioconda Belli

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