Quando tudo acabar
despetala de uma só vez
as rosas de teu jardim
não deixe que morram
aos poucos secas
de sede e desafeto
permita-te também
morrer com elas
uma a uma, petá-la a petá-la
vive inteira tuas dores
vivencie saborosa e dolorosamente
tuas angustias e mágoas
e permite-te também o luxo
de não ser compreensível
na próxima primavera (elas sempre chegam)
Com sorte, junto a novas rosas
floresçam novas perspectivas
dedica ao futuro
tuas esperanças
teus anseios
ao passado, não mais
que aprendizado
busca o carinho
em outras pessoas
o calor e as delícias
de outros corpos
porém, mais que sexo,
faça novos amigos
(são mais duradouros)
sobretudo com as marcas
lembranças, saudades e inquietações
te permite construir uma obra de arte
um mosaico do vivido
observa-o com carinho
faz teu balanço
aprende contigo e tuas experiencias
sobretudo não negas tuas dores,
vive-as inteiras
são parte constitutiva de ti
antes de cair na tentação de colorir
artificialmente tua vida
observa com algum carinho
teu mundo cinza
e aprende tua beleza
refuta a visão romântica
e bela que tens de tu mesmo
sem pressa de novas certezas
depois repara, que a primavera
não chega de uma vez
ela
vem aos pouquinhos
primeiro um
ou outro tom pastel
cores dispersas e frágeis
que vão se avivando
tornando-se quentes
ate explodirem em saturação
por fim quando um dia
novamente
te visitar a paixão
escancare portas e janelas
e irresponsavelmente convide-a a entrar
sirva-a seu melhor vinho
prepare teu melhor jantar
Não fuja nem se negue
não pense nas dores futuras
não tema as futuras feridas
A dor é sempre na medida do prazer
e este é seguramente o fluxo da vida
Pablo de la mancha
quinta-feira, 5 de junho de 2014
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