terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Uma dama em minha cama

Chegou com olhar firme e passos
timidamente determinados
em minutos entrelaça-mo-nos os lábios

E o ballet das línguas
E a dança das mãos
O entrelaçar dos dedos

Os corpos que buscavam o encaixe perfeito
O vagabundo e a dama
entrelaçados
rolaram até a cama

Dai o "jogo do despir"
(os dois qual criança com novo brinquedo)
tirar as roupas, a cada milímetro
desvendando segredos
todos minuciosamente
examinados
devassados
por olhos,
boca,
língua,
e dedos

Olhares de tesão arrojados
mãos que seguravam um ao outro
como quem segura
para que de ti não fuja o pecado

A canção dos suspiros
a ser lapidada
por bocas secas e línguas molhadas

Seu corpo estendido na cama
o umidecer dos dedos
no sexo molhado da dama,
em silêncio de noite calada
que só os gemidos profanavam

Em nossos corpos o fogo ardia
em nossas bocas
o sexo alheio de tão quente,
dava a impressão que derretia

E ao penetrar em tal dama sentia
(eu que não rendo tributos a magia)
como que surgido um Sol na noite
e uma Lua-cheia ao meio dia

E a rígida dança dos corpos
E o ballet da primavera
ou ainda a primitiva-dança-da-vida
que a natureza perpetua através das eras

Suas unhas em minhas costas cravadas
seus cabelos que minhas mãos seguravam
seu sexo preenchido a cada estocada
e os urros selvagens que o ar habitavam
no auge da euforia o gozo,
que de tão intenso,
intensidade não definia

Hora estava a dama a meu lado
outrora presente sua ausência se fazia
e partira como chegara,
assim como
o primeiro filme-álibi
que
nunca terminara...

Walter F. Sampaio

Um comentário:

Werônica Pradella disse...

Com tantos parágrafos
Contidos em alentos
Sombreiros e dormidos
Em camas hospedeiras
Penso eu e comigo mesma
Onde é que esta a dama?
E espero... no desgelo
Do rugido da tua voz esganecida
Daquela que dança passos em cadeia
Entre letras fecundadas
Numa política tão maternal
Agora meu amigo,
Sem mais tempo
Arremato este texto
Num ponto cruz dizendo tchau.