sábado, 5 de abril de 2014

Memória presente

A alguns anos


OS tanques tomaram ruas
Botas pisaram gargantas que
Gritavam por justiça
A violência desabou sobre aqueles que tinham fome
E os que queriam partilhar o pão
Nos porões a vida se esvaia
Com o sangue derramado na tortura
Nas ruas e becos, a luta seguia
Tentaram destruir nossa perspectiva
De futuro, como resposta a sua violência
Encontraram a nós
E nos fizemos resistência
Vestimos a mortalha
Trocamos panfletos por pistolas
Megafones por fuzis
E ninguém mais estava inscrito para fala
Salvo prévia prática revolucionária
50 anos se passaram
O inimigo não venceu a guerra
Apenas a batalha
Seguimos, embora muitos de
Nós se façam ausência
Mas quando não houver mais fome
Nem esmolas
Quando homem e mulher
Andarem lado a lado
Quando a injustiça não tiver mais
Lugar
Quando não restar nenhum grito silenciado
E a vida não for apenas anseio
Quando não houver quem trabalhe de mais
Nem quem viva do trabalho alheio
Nossos irmãos mortos serão ainda lembrados.
Assim onde quer que estejamos,
Em cada escola
cada sindicato
cada periferia,
cada barraco,
cada abrigo,
tecemos cuidadosamente a mortalha do inimigo.

Fábio F. Massari

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