quarta-feira, 14 de março de 2018

Oito de março é só um dia

Borboletas, rosas, mariposas
Pedra, nuvens ou pão.
Mães, filhas, esposas,
Caminhos loucos ou sãos

Queimando nas fábricas
Ou na greve levantando as mãos
Chorando seus filhos mortos
Ou com fuzis fazendo a revolução

Estavam lá, visíveis ou não
Diziam alto o que queriam
Sendo ouvidas ou não
Gritavam, gritavam, gritavam

Temos muitos nomes para lembrá-las
Muitos sãos os nomes que esquecemos
Mas temos um dia, não é muito
Um dia é só o suspiro do ano

Mas temos um dia que é do mundo inteiro
E cada hora carrega seus minutos
Cada minuto carrega seus segundos
Cada segundo seu grão de tempo

Então se fez a mágica de podermos
Num dia só carregar todas elas
As que foram, as que virão
As que nasceram e que morrerão

As que já lutam e as que lutarão
E todas elas marcharão nas ruas
Vermelhas, rosas ou lilases
Os corpos serão seus, as casas serão suas

Até que os segundos enlouquecidos
Se tornem minutos que ardem em fogo
E as horas de canto e gritos
Possam converter um dia... um simples dia

... em infinito.

(Mauro Iasi)



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