Tenho-te a meu lado
por não te ter,
comigo ombro a ombro
caminhas, apenas
por não ser minha
entrega-me teu amor
tu me tens a teu lado
por não ser teu
por isso caminhamos
par e passo, lado á lado
apenas por não ser teu
entrego-te o amor que tenho eu
fossemos um do outro
nem tu me amavas
nem eu te amaria
seriamos propriedade um do outro
o amor virava posse
o sexo burocracia
como cães amando aos donos
em sua perpetua prisão
encoleirado e adestrado o amor morria
a ilusão de segurança, o medo da perda
da propriedade, mata (com o tempo)
os melhores sentimentos, que ironia
da humana animalidade resta a sexualidade livre e vadia
em vão tenta o liberal domestica-nos os sentimentos
a tudo põe preço, posse, propriedade... burocracia
amo-te por não ser teu
ama-me por não ser minha
emanados enfrentamos
a burguesa monogamia
(Massari)
(Para Jazz, a mulher que amo, a quem por não pertencer, nutro tamanho sentimento, que fossemos posse não poderia)
terça-feira, 24 de outubro de 2017
terça-feira, 10 de outubro de 2017
Ciclos
Quarenta e um ciclos de rotação
da terra em torno do sol
Assisti quarenta e um meninos
brincando no quintal do tempo
Um por vez, mas são um todo
e o todo é sempre maior que suas partes
Meninos barulhentos, baderneiros, cada
um ao seu modo e tempo, fizeram arte
Uma vez por ano reúnem-se para receber
um novo membro, tomar uma cachaça,
refazer (e desfazer) planos e iniciar uma nova rodada.
Fábio Francisco
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