terça-feira, 13 de outubro de 2009
30.1
Começo a sentir o peso de minhas três décadas e um terço,
A nova regra é menos e melhor
Ando mais seletivo
Menos tolerante com coisas
E mais paciente com pessoas
Nos velhos bares a música alta irrita-me
As novas músicas já não agradam
Estou ficando chato
As vezes penso que os velhos lugares já não são os mesmos
Mas talvez os lugares sejam os mesmos,
Eu é que me converto em outro
Sem deixar de ser quem sou
Sou e não sou o mesmo a cada ano...
Acho que estou ficando velho
Isso constato entre um remédio de pressão
E a sobriedade de saber que embora esteja no por vir
Não será amanhã cedo a almejada revolução
Reparo com mais afinco a beleza das flores
Que por isso, agora me parecem mais belas
Reparo com mais carinho as lutas de minha classe
E o empenho de construir nossa primavera
Percebo (talvez de forma tardia), que minha
“adolescência” já se passou
A questão não é mais quantidade,
é qualidade,
intensidade,
aroma,
sabor
e
poesia
Alimentar-se do calor da classe
do amor dos filhos,
da intensidade da paixão,
do fervor das amizades,
do ardor da revolução
O aprendizado parece resumir-se em uma regra só
Para tudo na vida, ser intenso e paciente
Fazer “menos e melhor”
Fábio Che
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