quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Homenagem



Ah, o pecado!
Viva o pecado
Que esconde em si A mais casta virtude.
Pequemos todos, então,

Pois a alternativa

É sermos todos pequenos e vãos.

Deixemos correr

Mãos sobre nádegas

E olhares incestuosos

Sobre nossas próprias amantes.

Degolemos padres e pastores (que também pecam, só que pecam escondidos)
Pelo horror de terem inventado
As velhas beatas que nunca souberam pecar.
E pequemos sem culpa
Porque culpa e pecado
Não sabem dançar um maxixe,
Só valsas vienenses.
Quando muito!
O pecado é belo,

Fulgurante e molhado;

Feito para ser deliciado
Como outra língua em nossa boca.

Fiquemos apenas com a angústia

Do pecado mal feito

Ou do jamais cumprido.

Pequemos o aqui e no agora

O pecado doce

Da quase-castidade abandonada.

Sem o pecado

Não acredito na sinceridade de Deus.

(Paulo Mont'Alverne)

(enviado por Renata Tonelotti)